segunda-feira, 26 de julho de 2010

Corina e Julio

Em setembro, os mestres argentinos Corina de La Rosa e Julio Balmaceda estarão no Rio para ministrar cursos, bailes e shows.

Clique aqui para ter mais informações.

E para começarmos bem a semana, nada como o deleite de uma bela dança. O tango se chama "Yo" de Juan José Guichandut interpretado pela orquestra de Domingo Federico:




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Vomitando rosas - parte 2


{ Leia a primeira parte do texto clicando aqui }


Nada como o senso de oportunidade, anote aí. E oportunidade significa saber observar e aproveitar o momento certo. Principalmente se você é mulher e vai tirar um homem para dançar. A todo momento somos devidamente lembradas que o mundo é machista, e a dança a dois é ultra-machista. Mesmo que sejamos brasileiros descolados, vamos e venhamos, ninguém quer levar um “não”.


Chego perto do alvo, desta vez bebendo uma taça de água, para fazer boa figura. (Outra coisa muito desagradável é dançar com alguém bêbado, trocando as pernas, pisando no seu pé e com bafo de cachaça. Por isso a mescla de qualquer bebida alcoólica com água. Um drops cai bem de vez em quando também).


A essas alturas quem não conhece bem o tango e seus universos deve estar se perguntando onde diabos entra a famigerada rosa na boca. Pois bem, estava mesmo esperando alguém perguntar, para eu poder responder: não entra. Esquece isso. A rosa na boca é um símbolo da distorção que os veículos de massa impõem ao mundo, sem nunca se darem ao trabalho de fazer uma pesquisinha medíocre que seja.


Aliás, esse assunto veio em boa hora, porque eu não aguento mais ouvir que o tango que Al Pacino dança em “Perfume de mulher” é o máximo. E aquele “tango” que é dançado por Arnold Szwatznegger e Jamie Lee Curtis em “True lies”? O que é aquilo? Uma rosa na boca! Não é tango.


Pois ao som de Osvaldo Pugliese – a tanda da vez – me dou o direito de falar com mais profundidade sobre essa dança. Imagine-se ouvindo um dos sons mais deliciosos de sua vida. Agora imagine um abraço forte, intenso, porém suave, envolvente. Nada de tensões. Articulações, músculos, respiração e alma totalmente relaxados. Sinta os pés em contato com o chão. Acaricie o chão com cuidado. Não pense em já fazer firula. Apenas sinta. Agora vá junto com a música como se ela fosse o mar e você, o barco. Vá, deixe a música conduzir. Não é você quem conduz, seja mulher ou homem. Tenha humildade. Não tente controlar a dança, deixe ela acontecer como deve ser, pise onde tiver que pisar, não force. E de forma alguma cutuque, aperte demasiadamente ou pare de respirar. Depois de um tempo deixando ser, você vai experimentar o êxtase. Vai entrar no verdadeiro labirinto do fauno e de lá não quererá sair. Pronto, você dançou o verdadeiro tango, não mais o argentino, mas o universal.


Descendo do céu à terra, estou aqui de novo, em minha mesa, juntando minhas coisas para ir embora. Olho novamente para o piso, ringue de luta dos que se aventuram a compartilhar uma dança. Não ache tão estranho. Luta sim. Pois que, veja se não é assim, a cada vez que pisamos ali, estamos em luta contra e a favor de nós mesmos. Não são nossas habilidades que serão testadas ali, mas nossa paixão. Sem paixão, não pense em dar o primeiro passo, pois ele será falso. E guarde seu ceticismo, materialismo e ateísmo artístico para seu computador. No tango, nada disso funciona.


Faço minha tradicional oração a São Piazzolla e vou embora, com um meio sorriso rasurando meu rosto.




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quinta-feira, 22 de julho de 2010

Sitges - que lugar é esse?


Ainda sobre a Dança dos Famosos



Quero deixar claro que não sou contra
exatamente à Dança dos Famosos, muito menos contra os famosos participantes (que têm até muita coragem), o que lamento é ver tanta desinformação sendo disseminada por um veículo de massa como a Globo. E já que comecei, deixo também registrada minha indignação por não haver no júri um só profissional da dança de salão justo na etapa final.

Daí o que vemos é isso: um monte de gente falando o quer sobre aquilo que não sabe.


Em tempo: As meninas (Sharon e Fernanda) estão/são lindas. Não fosse o trato dado à dança pela produção tão negliente, eu até poderia gostar.


.:.:.:.:.:.:.:.

segunda-feira, 19 de julho de 2010

Gotan em homenagem ao Faustão

Música: Diferente




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A Globo odeia tango

Eu estava com medo deste momento, juro. Mas sabia que ele viria e que eu teria que produzir um post: A famigerada Dança dos Famosos do Domingão do Faustão. Mais precisamente, o dia do tango. Eu nem queria ver, pra não ficar deprimida, mas minha mãe me convenceu de que eu só poderia fazer este post que vos fala, se visse. Então eu vi.

A dança foi bem ruim, como eu supunha, mas o pior estava por vir. O pior foi o Faustão e o Artur Xexéo falando um monte de asneiras sobre o tango, prestando um tremendo desserviço, como se entendessem do assunto. Não pesquisar, nem que seja na wikipédia, sobre o que vai mostrar/falar já é um costume da televisão brasileira - destaque para a Globo - que, sim, acerta em algumas coisas, mas no geral, é tipo tango é rosa na boca. Aí pisou no meu calo que cultivei em tantas milongas!

Resumindo o desastre: Fastão disse que o tango não se renova desde Piazzolla e que o turista gosta mais de tango do que o próprio povo argentino.

Daí Artur Xexéo vai em socorro da renovação e diz que existe um tal de tango eletrônico. Até aí foi indo bem, mas logo em seguida manda essa: "Mas não na Argentina, na Europa, na França". Pensou o mesmo palavrão que eu?

Faustão arremata: "Baladão do tango!"

Por essas e outras que volto a fazer o mesmo apelo de sempre: gente, pelamordedeus, pesquisem sobre o que vão falar! Ou então calem a boca!

Abaixo, a prova que incrimina os meliantes:

http://www.youtube.com/watch?v=kIZO4PFEJ1c

(coloquei o link, pois o vídeo não ia por nada nesse mundo)


Desde já me coloco à disposição da Globo para prestar consultoria em tango, caso resolvam mostrá-lo como ele é. Dentre outras coisas, sem rosa na boca, por favor.


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sexta-feira, 16 de julho de 2010

A Argentina de todos os gêneros




A Argentina foi o primeiro país da América Latina
a aprovar oficialmente o casamento entre pessoas do mesmo sexo.

Pode ser tabu para algmas pessoas, mas para muitos isso é uma questão de livre escolha sexual, ou seja, qualquer um pode escolher sua cara-metade. Ok. Assunto polêmico. Vamos levantar enquete, pois o tema merece.

Enquanto isso, nas milongas chamadas GLS de Buenos Aires, essa liberdade já era manifestada, como na milonga La Marshall, a primeira a funcionar como 'milonga gay'. Ela é hoje conhecida no mundo inteiro, atraindo não só homo, como heterosessuais de toda parte, como disse Roxana Gargano, uma das criadoras da Marshall: "A cultura 'heterofriendly' baseia-se na tolerância, na não discriminação, e em compartilhar estilos de vida."

E você, tem uma opinião sobre esse tema? Então responda nossa enquete.

Até mais

,,,

Ai, que bom!


Que bom, que bom, que bom!

(foto de Irina Novak)


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Sol Cerquides e Fernando Gracia

Bailam (como bólidos) Mala junta de Julio de Caro, Pedro Laurenz e Juan Velich. Mil uhus pra eles!





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segunda-feira, 12 de julho de 2010

Vomitando rosas



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Um texto de Flávia Valente

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Estou nesse baile de tango na seguinte condição: sentada numa mesa ao fundo, bebendo uísque e com pena de mim.

Não quero que ninguém me olhe, que ninguém me tire para dançar e meu vestido essa noite está definitivamente horrível.

Como não quero interagir, me contento em apenas observar. Aquele casal ali está dançando mal, olha lá, esbarra em todo mundo. Mas também pudera, o sujeito está uma pilha de nervos. Não tem ginga, deve ser pouco rodado nos salões. E o vestido da mulher é mais feio que o meu.

Aquela está dançando bem. Aquele ali também, mas pudera, faz mil aulas por semana. Aquele moreno com o cabelo preso num rabinho é alugado. E a dona que está com ele dança mal. Pudera, não faz aula nenhuma.

Nesse mundo do tango não adianta você ser bonito(a), falante, intelectual da última, descolado(a), elegante, inteligente, PHD em qualquer coisa, endinheirado(a), famoso(a), bom (boa) de cama, blogueiro(a) da moda, artista contemporâneo(a), gente boa, não beber quando for dirigir, fazer poesia, ter saído na Caras, se você não sabe dançar. E tampouco pense que vai aprender a dançar rápido. Pode esquecer. Vai levar mais tempo se pensar assim.

Agora começou uma tanda de Di Sarli. As tandas de Di Sarli sempre me deixam melancólica. Sim, a música é linda, mas não é por isso não. É que na época que eu organizava baile, sempre tinha um aficionado pelo passado que vinha logo pedir: Dá pra botar Di Sarli? E eu me esforçando para garimpar novidades todo baile. Colocava um Fernandez Fierro e já vinha um: Dá pra botar Di Sarli? E adivinhem que música levava todo mundo pra a pista? Bahia Blanca. Nada contra Bahia Blanca, como disse, é linda, mas caceta, toca em todo baile que eu vou desde que comecei nessa vida há 15 anos.

Nessa noite não coloquei meu melhor sapato. Optei por um velhinho confortável, se é que um salto sete e meio pode deixar algum sapato confortável. Mas depois de tanto tempo a gente acostuma. O perfume sim, foi o preferido. Escolhas que vamos fazendo sem dar-nos conta, muitas vezes.

Um homem se avizinha da minha cadeira. Acho que vai me tirar pra dançar. Se tirar, terei que ir. Sabe como é, etiqueta de salão. É feio deixar o cara com cara de bunda na frente de todo mundo.

Nessa noite eu não estou muito a fim de dançar, juro. Aí é válido fazer a pergunta: Então o que foi fazer num baile? Boa pergunta. Acho que fui achando que queria dançar. Acontece. Nada demais, estou um pouco chateada porque meu namorado, depois de dois anos e blau de namoro, não lembrou da data do meu aniversário, mas lembrava exatinho da data que o Flamengo foi campeão da última vez. Nem quis saber da penúltima, ou ia entrar em depressão. Fiquei puta e migrei pro baile. Aliás, artimanha que sempre usei quando me emputecia com namorados e seus atos sem-noção. Vou pro baile e danço muito, por vingança mesmo.

Mas dessa vez tudo que eu queria era ficar bebericando no meu canto. Acho que estou ficando velha.

Daí o sujeito que avizinhou-se me tira pra dançar, como eu supunha. Vou, e sorrio. Gentileza gera gentileza. Na falta de um clichê mais oportuno, vai esse mesmo.

Dançamos Di Sarli. A única orquestra de tango que lota a pista. Uns bate-bates aqui, um salto entrando pelo meu sapato acolá, e noves fora, curti dançar essa tanda. Di Sarli sempre acerta. Deve ser por isso que tem sempre um aficionado pra pedir: Dá pra botar Di Sarli?

Volto à minha mesa e não consigo desviar o pensamento do Juca, meu namorado flamenguista. Antes d’eu sair de casa, ele me disse por MSN que o Cassiano, seu melhor amigo, estava indo pra a casa dele pr’umas cervejas. Pergunta agora o que realmente estou fazendo num baile.

Também tem uma TPM de ressaca abalando meus nervos. Gostaria muito de estudar esse fenômeno, para entender como diabos a gente consegue passar por umas trezentas emoções, aparentemente nada a ver a anterior com a seguinte, em um dia.

Aquele casal ta bonito dançando, tem química, tem sintonia. Aquele sujeito mais ali atrás, de blaser cinza, eu já beijei na boca. Aquele outro sentado na outra mesa também. O fato d’eu nunca ter sido santa já me proporcionou momentos bem interessantes.

Tanda de Juan D’Arienzo. Gosto. O compasso chega a ser invasivo de tão presente. Agora ta me dando vontade de tirar alguém pra dançar. Isso na Argentina é um ultraje à tradição tangueira, uma fêmea ‘sacar’ um macho, mas brasileiro gosta mesmo é de quebrar regras e dar uma banana pro ultraje e para a tradição, então... olho em volta pra caçar meu pretendente. Arrá! O Nicolau, ali naquele canto, conversando com a loira de azul. Amigo das antigas, começamos no tango praticamente juntos.

Nada como o senso de oportunidade. (continua depois)


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segunda-feira, 5 de julho de 2010

gatoNegro no Rio, o blog


Acho que estou viciando nesse negócio de blog. Há cinco dias criei o blog que vai mostrar tudo sobre a vinda do grupo gatoNegro Tango ao Rio de Janeiro.

Vai lá e dá aquela força ;)

http://gatonegronorio.wordpress.com/



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